segunda-feira, 28 de janeiro de 2008








Poemas Candentes

Estes poemas, candentes
não são 'poemas', somente:
São cacimbas, são vertentes
são coquetéis (molotoves)
são pás, arados, sementes
são lápis, caderno, enxadas
são tesouras, são marmitas
línguas, salivas, dentes...

Ora sorrisos pungentes
ora gritos lancinantes
poemas que são volantes
estradas, facões, varais
(que são bombas incendiárias
ou pomares, parreirais).

São torpedos contundentes
demolidores, letais.

Trazem em seu bojo - ou latente
as lutas de nossa gente
as misérias, as perguntas
particulares - ou gerais
os sorrisos incontidos
exclamações ... ou gemidos
e os enigmas universais...

***

Estes poemas, candentes
não são poemas (somente).


Júlio Garcia - Santiago/1995.