sábado, 11 de agosto de 2007

Artigo

Um Outro Mundo é Possível

* Por Júlio Garcia

A realização da 5ª edição do Fórum Social Mundial, recentemente ocorrido em Porto Alegre, com a presença de mais de 160 mil pessoas, representando mais de 130 países dos cinco continentes, além da qualidade e profundidade dos temas abordados e das propostas aprovadas, atestam o sucesso do mesmo, apesar da tentativa (inócua) de setores da mídia conservadora de diminuir e descaracterizar a grandeza do evento que a capital gaúcha teve o privilégio de sediar mais uma vez.

É inquestionável o crescimento e a importância do megaevento mundial que busca encontrar soluções e tomar iniciativas para criar alternativas reais que impeçam o mundo de continuar no caminho da exclusão e da barbárie que tem levado a maioria da população à degradação, a miséria e a desesperança, enquanto poucos privilegiados usufruem as riquezas produzidas pela maioria. Para termos uma dimensão mais precisa do crescimento do Fórum Social Mundial, em 2001, no 1º FSM, em Porto Alegre, 25 mil pessoas discutiram alternativas ao neoliberalismo e ao imperialismo. Em 2002, o número cresceu para 60 mil participantes. Em 2003, ainda em Porto Alegre, 100 pessoas participaram do evento. Em 2004 o Fórum Social Mundial foi realizado em Mumbai, na Índia, sendo que mais de 100 mil participantes estiveram presentes. Neste ano, na 5ª edição, novamente em Porto Alegre, mais de 160 mil pessoas reafirmaram a disposição de continuar a luta por um mundo mais justo, fraterno e solidário.

A dimensão alcançada pelo FSM é extremamente relevante especialmente se considerarmos o momento em que o mesmo ocorre, onde, no início deste novo século, que começou sob o signo de convulsões, de tragédias, guerras e de uma nova fase da política e da ofensiva militar dos Estados Unidos, que agora ganhou feições fundamentalistas, como ocorreu com a decisão de invadir o Iraque, passando por cima dos organismos internacionais e colocando em risco iminente a frágil democracia existente hoje no cenário mundial.

Impossível neste espaço relatar a maioria das oficinas e palestras realizadas durante o evento. Destacamos, no entanto, a marcha de abertura (200 mil pessoas); o lançamento do “Manifesto de Porto Alegre - Doze pontos para um outro mundo possível”; as participações de Eduardo Galeano, Boaventura de Souza Santos, Tariq Ali, José Saramago, Flávio Koutzii, Frei Beto, Ignácio Ramonet, Leonardo Boff, Gilberto Gil, e as palestras com o presidente Lula e com o presidente Hugo Chavez, da Venezuela (que merecerá um outro artigo, por sua relevância).

Nesta quinta edição do FSM, após 5 dias de discussões nas mais de 2 mil oficinas realizadas, foram aprovadas 352 propostas oriundas das mais diferentes organizações que dele participaram, todas visando a construção de “um outro mundo possível”. Como colocaram os organizadores no encerramento do Fórum “a quinta edição do FSM começou como expressão da diversidade planetária, polifonia de vozes que se encontram em desejos universais da tolerância, da justiça, da paz, da igualdade. E se encerra dentro desse mesmo espírito. (...) O Fórum atualiza um conjunto de lutas e bandeiras importantes para o desafio de questões que vão do controle do capital internacional, ao individamento dos países e à guerra. É uma plataforma ampla que responde à necessidade urgente de fortalecermos essas lutas. Saímos daqui com mais energia para seguir em frente”.

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