quinta-feira, 20 de julho de 2023

Poema



 Interrogações


A inter-relação das coisas...

O equilíbrio

         A ruptura.


A relva contempla o rio

Perfeito – em seu ritual

Acácias cedros ipês

     coabitam

         com cipós

               e orquídeas

(o ecossistema comum).


Nebulosas

      Constelações

            Quasares

Milhões de anos-luz

       separando

          ou desafiando as galáxias...

A Terra

   o Cosmo...

       baratas

          homens

               bixos

os menores abandonados nas esquinas;

       credos

          deuses

               planos

                  conceitos...


Os buracos negros do Universo

-São tantas, tão variadas

        Estas

            Fatigantes

                Infindas

                     Interrogações...


(Do meu livro Cara & Coragem – Poemas)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Poema





















NOITE DE VERÃO

Calor escaldante...

Que tal
tomar 'uma fresca'
&  apreciar os Cosmos?...

A noite é  parceira
& ajuda...

Cabeças revoltas
Mirando o Infinito
procurando entender
Os rítmos
&   os desígnios
das estrelas
cadentes...
& seus mistérios

Reconheço
Orion
(Três Marias)
o Cruzeiro
& Vênus

Só?!!

...

Céus,

que limitação...


Mas... amiga ...

A noite é parceira

& ajuda... então

Que tal

tomar 'uma fresca'

& apreciar  os Cosmos

(E algo mais?!...)


Júlio Garcia - Dezembro/2010.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Atitude






'A las cinco de la tarde.
¡Ay, qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!'
 (Federico Garcia Lorca)


Eventualmente, nas ruas,
se escuta uma frase - indignada e rude:
'Mais do que na hora está
de tomar-se, enfim, uma atitude'...
Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das cinco 'em punto de la tarde'

Os meninos embrutecidos
& os mendigos amortalhados
disputam míseros centavos
nas sinaleiras incontáveis da metrópole

(Pessoas morrem, são pisoteadas
outras,  insensíveis, famintas, doidas
 cambaleiam - sob o sol que arde.
Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das cinco 'em punto de la tarde')

As meninas envelhecidas
& as prostitutas decadentes
disputam velhos 'clientes'
nas esquinas

Enquanto o céu borda-se de tristes mantos cinzentos
plúmbeos,
prenunciando uma noite fria
tormentosa
que - talvez -
sensibilize sua frigidez
criminosa  ...

(Enquanto os ponteiros aproximam, inexoráveis,
das cinco 'em punto de la tarde')

A multidão dirige-se   em disparada 
para os terminais das paradas
dos ônibus
-manada-
para o trem/metrô,
para o mercado
ou farmácia
(ironia)

Outras  tão
perdidas
quanto as demais têm pressa &
no intuito de satisfazerem
suas vidas
correm febris em direção aos bares
em vão
para aplacarem a homérica  sede
(agonia)

Nas ruas, martela a frase-
com razão, indignada, rude:
'Mais do que na hora está
de tomar-se uma atitude'.

Enquanto a semana se esvai
afogando-se lentamente, sem alarde
na sexta-feira outonal
E os ponteiros ultrapassam,
finalmente,
as cinco 'em punto de la tarde'...

sábado, 17 de setembro de 2016

Uma outra Santiago é possível?















Uma outra Santiago é possível?

(Só depende de nós!)

...

"Que seja fraterna

despreconceituosa

com crianças bem nutridas

sem latifúndios

sem opressão

sem exclusões

& sem males!"

...

Uma Santiago

democrática

solidária

participativa/inclusiva

"sem crianças pedintes

sem enjeitados sociais

nem trogloditas rurais

& urbanos..."

...

Não a atual alienada Santiago

dominada/manipulada

  - ainda! - 

por uma 'casta'

& uma mídia

mercenária


Não a cidade

elitista/conservadora/deseducadora

e, sobretudo, alienada

& egoísta

do pão & circo

do futebol (e só!!!)

das panelinhas

& aparências

sociais...

das premiações $$$ 

& louvações

aos de sempre...

...

-Uma outra Santiago é possível?

Claro que sim!

-Se tivermos atitude, posição

(& tesão)

         de ousar...

                   & do Povo, escutar 

                             o rouco, martelante 

                                        & contínuo

                                            clamor 

                                                         da voz!

                                 E (re)agir! 

(Só depende de nós...).

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Walt Whitman




Poema para Walt Whitman

Cismando nesta noite, olhando as estrelas,
a lua que surge radiante, majestosa,
vem a mim a lembrança do Poeta
do Corpo & da Alma, das Folhas de Relva.

Guardadas as inevitáveis diferenças
físicas -  & a distância -, geradas
por mais de um século
entre eu e você 
(tenho hoje, também, Walt Whitman,
37 anos completados - não faz muito,
e a saúde, no entanto, regular...).

Mais uma vez relendo teus Poemas, camarada
ouso dizer que partilhamos
uma profunda identidade
(cumplicidade)...

Como você, Walt Whitman
(me permita ainda, sem pretenções maiores)
também pretendo
continuar lutando e, se possível,
compondo assim, até o final.

Tentarei cantar, como você (magistralmente)
cantou 
a saga dos soldados, dos operários
& dos jovens homens abatidos
cruelmente, da forma mais vil
& infame imagináveis...

Sim, também cantarei 
& glorificarei os nossos mortos,
os heróis - vitoriosos ou derrotados
os camaradas, os amantes...

Assim como cantarei
os continentes ... os oceanos...
e as partículas mínimas
que integram o átomo/o corpo...
cantarei - também - a metafísica...
o presente, o passado  
& um porvir diferente ... digno, decente (para todos) 
solidário ... e feliz! 

Como você, Walt Whitman
-cósmico e atual, poeta/profeta
eu cantarei a Raça Humana
& os seres -todos- que habitam o Universo...
os rios, os mares, as selvas, os campos, as savanas...

E também, amigo,
poeta-irmão: cantarei em versos livres, despojados,
o gesto delicado, carinhoso
ou viril - do homem, da criança, da mulher -
que anuncia a paixão, a  rebeldia, a curiosidade
& a ternura...

Nesta saga, enquanto haver a Chama 
& a Energia  (que habita 
& impulsiona o Ser):
-a  Vida, a Morte, o Amor
a Justiça 
& a Liberdade (e sua incansável, permanente 
& obcecada busca)...
Eu cantarei.

(Júlio Garcia - do livro Cara & Coragem - Poemas).

sábado, 29 de agosto de 2015

Poema para Laís



Laís - tu representas
(e me trazes)
indescritível alegria
sonhos, bruma leve
cheirinho de mata virgem
riacho escondido
viagem cósmica
      miragem & fantasia

Milagre da Vida
Segredos do  Mundo
     Utopia

A energia da chuva, do sol, da
ventania...
Paz Azul
Do Oceano/Lagoa/Rio
Onda revolta
Areia da Praia
     Cheiro - bom - de maresia

Criança adorada
Amada
Mistério profundo
      Etérea alquimia

-Riso
Arte
Esperança
Sonho
        Poesia...

 (Santiago/RS, fevereiro de 1995).

sábado, 27 de dezembro de 2014

Eu canto!





Eu canto

com profundo prazer, com emoção

o povo que optou por ser livre

e que por isso sangrou.


Os heróis e os anônimos.


A América Latina

(vulcão em atividade permanente).

O fogo descendo pelas encostas das neves andinas,

Eternas, desafiadoras, majestosa...

E madrastas.


Guevara eternizando seu exemplo

nos vales e montanhas bolivianas.

Eu canto o feito épico

de Lamarca lutando contra a fome

e as injustiças no Vale da Ribeira.


As crianças da Nicarágua

entoando suas canções sandinistas

(que falam em um porvir

com rios de leite e mel).


Eu canto a epopéia vivenciada

pelos povos, todos, de nosso imenso

e explorado continente

(do Altiplano, das savanas, dos pampas sem fronteiras,

da Amazônia infinita, das selvas colombianas...).


Eu canto

os camponeses, os índios

despojados de suas terras.

Os combatentes mortos no Peru

nas selvas do Araguaia

nas ruas de Santiago...


Toda a resistência conhecida

(ou anônima)

que houve, ou que haverá (?!) em nossa

Pátria Grande

Eu canto.


A coragem da mulher salvadorenha,

chilena, brasileira, uruguaya...

A saga das loucas

da Plaza de mayo.

De todas as esposas/mães/irmãs/amigas

de todas as fortes, calejadas, saudosas, resistentes

companheiras dos desaparecidos latino-americanos...


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


Por todo o sangue derramado

pelos povos.

Por tudo isso dito, e pelo que ficou

Ainda guardado, esperando o seu momento,

E c o a n d o :

Eu canto!


   Júlio Garcia
...


*Este poema recebeu a ‘Menção Honrosa’ no

XXI Concurso Literário Felippe D’Oliveira

Santa Maria – RS - 1997

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Poema



Altas horas

Altas horas...

Os cães ladram na rua
fantasmas forçam a janela

A noite é longa e inodora
uma música
um poema
tua esquisita e cálida
lembrança

insônia
inquietude
         
- recordações...

a ausência dos
teus lábios
do teu corpo meigo/caliente ...

- otras cositas más

&  meia garrafa de vinho

          (altas horas)

Júlio Garcia - Primavera/2009

domingo, 26 de outubro de 2014

Poema



Identificação

O Poeta não pode apenas
cantar a primavera
quando o inverno social
castiga seu povo

***

Não tenho, pois, as
pretensões acadêmicas
artificiais
com seu lirismo de salão e seus manuais
bolorentos,
bem comportados
que somente privilegiam
o ego(ista).

Minha poesia será feita
com os pés no chão,
identificada com 'o homem',
com 'a terra',
com o social(ista).

Quem sabe não serei apenas
o poeta dos maltratados
dos indigentes
dos exilados
sociais...

O 'ecológico poeta' 
dos córregos
e dos rios
assassinados
das matas
destruídas
pelo 'progresso' 
reacionário.

- o poeta da fome
- o poeta solidário
- o poeta do sonho
e da liberdade.

O Poeta não pode apenas
cantar a primavera
(quando o inverno social
castiga seu povo).


Júlio Garcia, 1994

sábado, 19 de abril de 2014

Comissão da Verdade




Os tempos sombrios deixaram
fatídica herança
& lembranças tétricas recheadas 
de dor/raiva/indignação

O arbítrio - a prepotência - a covardia

(oficializadas)

A longa & vergonhosa noite 
(atordoante)

a democracia

(ultrajada)

Dor/pranto/lamento

-o horizonte cinzento

A resistência heroica
a 'guerra' desigual
travada

(O pesadelo incessante)
...

-Passar a limpo!

-as prisões/os crimes perpetrados
os choques elétricos/afogamentos/pau-de-arara/cadeira do dragão
as 'mãos amarradas' - os assassinatos

(a tortura)

sonhos abortados
gerações amordaçadas/exiladas

(a censura)

vidas/famílias destroçadas

(a Pátria enxovalhada...)
...

Muito tempo depois
das trevas
(finalmente)
brota a luz...

(tenuamente)
...

Ditadura:
urge
passar - tudo - a limpo:

           'para que não se esqueça
                    para que nunca mais aconteça'


                             Júlio Garcia - Canoas/RS - 2014